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Sua organização é um semáforo ou uma rotatória?

Sua organização é um semáforo ou uma rotatória?

Sua organização é um semáforo ou uma rotatória? A pergunta é, no mínimo estranha, mas prometo que a reflexão valerá a pena!

Começando pelos conceitos, os semáforos e as rotatórias são estruturas utilizadas na gestão e na otimização do tráfego de veículos nas cidades. Entretanto, as leis e regras que os regem são diametralmente opostas.
Muitas organizações operam de maneira similar aos semáforos: existe pouca confiança, controle rígido e a autonomia das pessoas é limitada. No semáforo, o poder está no centro.
Nos semáforos, o princípio básico é a obediência às regras. Vermelho, pare. Verde, siga. Os motoristas não precisam pensar nem interpretar ordens complexas, somente entender a ação requerida por cada cor. Além disso, há uma relação de desconfiança, ou seja, parte-se do pressuposto que as pessoas tendem a não considerar o outro no processo, por isso a necessidade de algo externo dando o comando. Adicionalmente, o nível de autonomia existente, por parte dos motoristas, é limitado, ou seja, não existem margens para atitudes ou outras interpretações. Isso tudo é gerenciado por um sistema central complexo, caro e que deixa de funcionar quando a energia acaba.
Já as rotatórias são estruturas onde a base é a capacidade de julgamento e o entendimento de regras simples por parte dos motoristas. Existe uma ordem mínima na sua utilização (quem está na rotatória tem a prioridade), e as pessoas respeitam as outras e, ao contrário do semáforo, a rotatória exige atenção presente, o que faz com que os motoristas estejam conscientes do que está acontecendo e de sua participação no processo. De baixo custo, as rotatórias continuam a cumprir o seu papel em caso de queda de energia.
As pessoas tem autonomia para a tomada de decisões, apoiadas em regras simples e confiança nos outros motoristas. Na rotatória, o poder está nas pontas.
A forma como organizamos nosso trabalho reflete a percepção que temos em relação à natureza humana. Confiar, dar autonomia e acreditar que as pessoas farão o seu melhor é a melhor maneira de extrair o potencial de cada colaborador. Isso tudo apoiado em transparência e apoio dos pares, é claro.
Infelizmente, ainda temos uma herança de comando e controle, o que tem levado nossas organizações a níveis sem precedentes de burocracia e ineficácia. A forma como organizamos o nosso trabalho e nossas relações nas organizações, ainda é direcionada pelo organograma, estrutura já utilizada no início de 1900.
Num mundo complexo, onde a adaptação é a regra e as mudanças são frenéticas, confiar nas pessoas e dar autonomia a elas significa cuidar de forma próxima dos clientes, antecipando problemas e trazendo soluções no momento necessário. Se a organização continuar na espera de que gestores e líderes deem os comandos, estabeleçam planos e projetos e então comuniquem aos subordinados o que fazer, ficarão definitivamente para trás.
Ah, e para constar: rotatórias são mais baratas, mais seguras e permitem maior otimização no tráfego dos veículos. Além de funcionarem sem energia!

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